História

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Monsanto (ou Monsanto da Beira) é uma freguesia portuguesa do concelho de Idanha-a-Nova, com 131,76 km² de área e 1 160 habitantes (2001). Densidade: 8,8 hab/km².

Foi sede de concelho entre 1174 e o início do século XIX. Era constituído pelas freguesias da sede, Aldeia de João Pires, Aldeia do Salvador e Toulões. Tinha, em 1801, 2 139 habitantes.

 

Aldeia histórica de Portugal, Monsanto é construída em pedra granítica.

Monsanto, avista-se na encosta de uma grande elevação escarpada, designada de o Cabeço de Monsanto (Mons Sanctus). Situa-se a nordeste de Idanha-a-Nova e irrompe repentinamente do vale. No ponto mais alto o seu pico atinge os 758 metros. A presença humana neste local data desde o paleolítico. A arqueologia diz-nos que o local foi habitado pelos romanos, no sopé do monte. Também existem vestígios da passagem visigótica e árabe. Os mouros seriam derrotados por D. Afonso Henriques e, em 1165, o lugar de Monsanto foi doado à Ordem dos Templários que sob orientações de Gualdim Pais, que mandou construir o Castelo de Monsanto. O Foral foi concedido pela primeira vez em 1174 pelo Rei de Portugal e rectificado, sucessivamente, por D. Sancho I (em 1190) e D. Afonso II (em 1217).

 

Foi D. Sancho I quem repovoou e reedificou a fortaleza que, entretanto, fora destruída nas lutas contra o Reino de Leão. Seriam novamente reparadas um século mais tarde, pelos Templários.

Em 1308, o Rei D. Dinis deu Carta de Feira e, em 1510, seria El Rei D. Manuel I a outorgar de novo Foral e concedendo à aldeia a categoria de vila.

 

Em meados do século XVII, Luís de Haro (ministro de Filipe IV de Espanha), tenta cercar Monsanto, mas sem sucesso. No século XVIII, o Duque Berwik também cerca Monsanto, mas o exército português comandado pelo Marquês de Mina derrota o invasor nas difíceis escarpas que se erguem até ao Castelo. Monsanto foi sede de concelho no período 1758-1853. Um grave acidente no século XIX destruiu o seu Castelo medieval, pela explosão do paiol de munições.

 

Nas últimas décadas, Monsanto tornou-se popularmente conhecida como "a aldeia mais portuguesa de Portugal", exibindo o Galo de Prata, troféu da autoria de Abel Pereira da Silva, cuja réplica permanece até hoje no cimo da Torre do Relógio ou de Lucano.

 


 

Brasões

 

"Temos vindo a falar dos Brasões e Famílias da Beira Baixa e começamos por Monsanto, localidade onde ainda permanecemos, em virtude da sua riqueza em casas com brasões e elementos históricos. Monsanto tem pelo menos meia dúzia de Brasões. A grande maioria das vilas da beira, nem um têm.
Qual a explicação para essa riqueza em Brasões, para essa situação tão diferente da das outras vilas da Beira? A explicação é a que se segue. Em finais do século XIV, e no século XV, ocorreram conflitos entre Portugal e Castela. Na mesma altura, também a Galiza tinha questões com Castela. Nessas lutas de estabilização de fronteiras dos Reinos da Península, Portugal e a Galiza tiveram muitas vezes posições comuns, com famílias da Galiza, como as de Portugal, empenhadas em manter a independência perante Castela.
Muitas das cidades e famílias da Galiza tomavam partido por Portugal. Findos os conflitos e de acordo com o equilíbrio de forças final, algumas famílias da Galiza, que nos tinham apoiado, tinham que procurar acolhimento em Portugal. Em suma, famílias que na Galiza se tinham incompatibilizado com Castela tiveram aqui local de acolhimento.
Monsanto foi uma das primeiras localidades a receber essas famílias. A Beira era zona de fronteira e nesse período de conflito necessitava de defensores empenhados. Já D.Dinis, antevendo os períodos de conflito que nos chegariam de Castela, tinha mandado reforçar os Castelos da raia. Os Telles, Castro, Pinheiro, Morais, Seabra, Cunha, Saraiva aqui obtiveram acolhimento. Traziam consigo a tradição de Solares e Brasões, e aqui construíam os seus solares e neles colocaram os brasões que os identificavam.
É por este o motivo que Monsanto tem uma rua de "entrada" com uma riqueza de Brasões de Pedra que não se encontra em mais nenhuma localidade da Beira Baixa. São Vicente da Beira, vila muito antiga, e das primeiras da Beira aquando da Reconquista, é uma das poucas que pode rivalizar com Monsanto nestes números, suponho que terá (3), metade dos de Monsanto. Os elementos referidos fazem com que estas vilas sejam um bom local para estudo de genealogias.
No entanto nem tudo é simples no que a estes escudos de armas em pedra diz respeito. De Monsanto, já falámos sobre três Brasões e respectivas famílias, faltam mais dois da mesma rua. Se sobre os que já falámos; (Robalo, Sampaio Vaz e Andrade) foi simples, dos que falta falar a coisa complica-se.
Vejamos a situação do brasão seguinte. Está na mesma rua do Brasão dos Andrade, mas do outro lado, (lado direito de quem desce), e é conhecido como Brasão da família Pinheiro! Vítor Pereira da Neves refere-o no livro " As aldeias históricas ...", como identificando o Solar da família Pinheiro! No entanto ele não parece ter nada a ver com as armas dos Pinheiros. Armas que no livro: "Origem dos apelidos das famílias Portuguesas" de Manuel de Sousa, são descritas como: "De prata com cinco pinheiros de verde arrancados, postos em aspa. Timbre: um pinheiro do escudo".
O Brasão em Monsanto (atendendo ao que nesse livro está escrito), está muito mais próximo das armas dos Matos, descritas como: "de vermelho, com um pinheiro de verde arrancado de prata, sustido por dois leões de ouro armados. Timbre: um leão sainte, tendo um ramo de pinheiro na garra da pata direita". No entanto famílias com apelido Pinheiro existiam em Monsanto nesses séculos, enquanto Matos era raro. Quem terá construído aquele Solar? Como se vê, nem sempre estas coisas da história são simples e de fácil explicação."


jjcaldeiraarrobaportugalmail.pt              Autor: João Caldeira        Retirado do Jornal Reconquista